Exercícios de resistência reduzem a perda de memória.

     Quando pensamos nos benefícios do exercício físico, tendemos a lembrar da capacidade do mesmo em prevenir as doenças cardiovasculares, fortalecerem ossos e músculos e controlarem peso. Mas vários estudos vêm provando que o a atividade física é também crucial para preservar e melhorar as funções cerebrais de pessoas mais velhas.

     O exercício inibe as doenças neurodegenerativas e também promove a neurogênese – a formação de novas células cerebrais.

      As várias formas de exercício são associadas com a melhora da memória, mas algumas modalidades têm-se demonstrado superiores a outras neste quesito. Um estudo recente demonstra que exercícios de resistência (com peso e repetições) têm um melhor impacto na memória do que os exercícios aeróbicos.

     Neste artigo, você aprenderá como os exercícios – especialmente os exercícios de força – podem incrementar a cognição (processo de aquisição de conhecimento que envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc., que fazem parte do desenvolvimento intelectual) e proteger contra o declínio cognitivo relacionado à idade.

Exercício e o cérebro

     A atividade física tem se mostrado crucial para preservar e melhorar a performance cerebral quando estamos envelhecendo. Um estudo realizado pela Clínica Mayo (referência médica nos Estados Unidos e mundo) com mais de 1300 indivíduos conclui que alguma frequência de exercício de moderada intensidade realizado na meia idade ou mais tarde, está associado com um reduzido risco de se desenvolver comprometimento cognitivo leve.

     Múltiplos mecanismos envolvidos para se obter esse benefício cognitivo têm sido identificados:

  1. O exercício aumenta o fluxo sanguíneo cerebral, aumentando a demanda de oxigênio e nutrientes para as células cerebrais em estado crítico.

  1. Exercícios promovem angiogênese (a formação de novos vasos sanguíneos a partir de vasos preexistentes) assim como neurogênese (a formação de novos neurônios a partir de células tronco no hipocampo em adultos. Angiogênese é importante para a neurogênese porque a melhora de aporte sanguíneo facilita o crescimento de novos neurônios e de suas estruturas auxiliares.

  1. A atividade física aumenta a produção de neurotransmissores chaves, como serotonina, acetilcolina e ácido gama aminobutírico (GABA). A serotonina regula o sono e o humor, a acetilcolina atua na cognição, e o GABA é o principal neurotransmissor inibidor no cérebro.

  1. Aumento da produção de proteínas cerebrais benéficas, chamadas neurotrofinas (família de proteínas que regula a sobrevivência do neurônio). Uma boa atividade física pode aumentar a produção de uma específica neurotrofina que está associada com a melhora cognitiva e plasticidade cerebral.

Força no músculo para melhorar a memória

      Para idosos, o exercício é associado a uma vasta gama de benefícios que aumentam e melhoram a expectativa de vida. Um estudo recente embasa que o exercício está conectado a proteção e incremento da função cerebral. Concluído em outubro de 2016, esse estudo investigou os efeitos do treino de resistência (também chamados de exercícios de força, que são exercícios que usam peso, máquinas, bandas e outros equipamentos e trabalham determinados grupos musculares) na função cognitiva de adultos mais velhos.

     Estudos prévios já haviam demonstrado os benefícios cognitivos dos exercícios, mas desta vez os cientistas quiseram determinar se as melhoras cognitivas ocorriam como resultado de um exercício aeróbico ou de um exercício de força muscular. O estudo contou com 100 participantes de 55 anos ou mais e com um comprometimento cognitivo moderado. Detalhes de como o estudo foi feito à parte, vamos aos resultados: somente as pessoas que fizeram o exercício de força/resistência obtiveram melhora significativa da cognição. As razões exatas para estes resultados são desconhecidas, mas ficou claro que os ganhos referentes à força muscular causaram benefícios cognitivos.

     Este achado importante traz à comunidade médica uma nova ideia, referente a que tipo de modalidade esportiva recomendar. A maioria dos médicos recomendam exercícios aeróbicos e ainda falham no entendimento do valor e benefícios dos exercícios de resistência, especialmente em idosos. Este estudo reforça as evidências passadas de que o exercício de resistência inibe a perda muscular, o declínio da memória e o desenvolvimento das doenças degenerativas. E agora conclusivamente mostra que o exercício – especificamente o de resistência – não é somente para a saúde do nosso corpo, mas também é essencial para a saúde do nosso cérebro.

 

 

Fonte: Life Extension Magazine Maio de 2017

Artigo escrito por Will Brink:

Exercícios de Resistência Reduzem o Declínio Cognitivo

Traduzido e cortado em algumas partes para não entrarmos em detalhes técnicos.